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segunda-feira, 8 de junho de 2015

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Incluída no Parque Estadual de Grussaí e rica de peixe em um passado não muito distante, a lagoa de Grussaí é ainda um local muito procurado por banhistas na alta temporada, dependendo das condições de balneabilidade. Por determinação do Ministério Público Federal (MPF) no ano passado, os quiosques que ocupavam a margem da lagoa foram fechados, porém a sua demolição não aconteceu até hoje.
Alvo de pesquisadores de Ciências das Águas e de Botânica (fauna), a Lagoa vem sendo objeto de estudos da produção e abrigo de alevinos, apesar da crescente poluição, quando a barra é aberta. No período de maré alta a água do mar invade a lagoa, aumentando seu índice de salinização e matando os peixes de água doce. No período de maré baixa a água da lagoa também invade o mar causando assim um desequilíbrio no ambiente aquático. A lagoa sofre ainda com intervenções do ser humano. Flagrantes do despejo de esgoto sem tratamento ainda são encontrados. A localidade não tem rede coletora de esgoto, mas em algumas casas têm fossas sépticas.
Um morador antigo, José Gomes, lembra os tempos de fartura quando a Lagoa de Grussaí tinha poucas casas.
— Grande parte do que hoje é área habitada, antes era somente a lagoa. Tinha muito peixe aqui, mas de 20 anos pra cá, acabou. A lagoa não tem fundo para dar peixe, está sem água. Vim pra cá com quatro anos, não tinha casa alguma aqui na beira da lagoa, meu pai fez uma casa de palha. Aqui havia muito mangue, pitangueiras, macegas, não tinha proprietários de terra; as pessoas iam chegando e apanhando as terras que queriam — contou.
O guia em Turismo Científico, André Pinto disse que a adoção de práticas sustentáveis protegeriam a lagoa. “Lembro o de promoção de passeios ecológicos de balsas chatas ou de aerobarcos, aos quais acontecem em represas e áreas alagadas pelo Brasil. A Lagoa de Grussaí sempre atraiu a curiosidade dos turistas fosse pelo seu topônimo em Tupi-Guarani de fácil dicção, fosse por sua proximidade com o mar e suas belas paisagens, cujos espelhos d`água, principalmente nas tardes de verão”, destacou.
Localidade cresceu no entorno da lagoa
De acordo com estudiosos, há muitos anos, havia, ao redor da lagoa, uma aldeia de nativos, onde se misturavam pessoas de origem cabocla com alguns estrangeiros, possivelmente náufragos na região. Os moradores Viviam da pesca, plantações e da criação de animais. No final do século XIX, as terras foram adquiridas pelo Barão de São Fidélis, Manuel Joaquim da Silva Pinto, que construiu as duas primeiras casas de veraneio na localidade.
As construções inicialmente ficavam afastadas da praia, na área de restinga hoje denominada avenida Liberdade. O acesso a Grussaí era feito por Atafona, através de trem da Leopoldina Railway. De lá para Grussaí, o transporte era feito a cavalo ou de charrete, onde se trocava o roupão por roupa de banho em cabines de madeira (caramanchões), que desapareceram em meados dos anos 40.
Com o asfaltamento da BR 356, Grussaí foi crescendo com a construção de casas de veraneio de classe média, com concentração inicial na Rua das Flores e a posterior ocupação da margem da lagoa. Dividida pela laguna, o outro lado foi se tornando um bairro populoso se estendendo até Iquipari, com loteamentos de áreas que ganharam a condição de bairro nos anos 90, e passou a ser denominado de Nossa Senhora Aparecida.
Quiosques têm que ser demolidos
Os quiosques situados a menos de 30 metros da Lagoa de Grussaí — a uma distância inferior a 300 metros da linha do preamar — que foram notificados pela prefeitura de São João da Barra, para o fechamento dos mesmos ainda não foram demolidos do local. A medida cumpre sentença proferida em primeira instância pelo Juiz da 2ª Vara Federal de Campos, Gessiel Pinheiro de Paiva, considerando que os estabelecimentos causam danos ao ambiente.
A decisão da Justiça ocorreu em face de uma Ação Civil Pública promovida pelo Ministério Público Federal resultado de um inquérito civil público instaurado em 2007 para apurar a construção de quiosques sem licença em municípios do Norte Fluminense. Segundo vistoria do Ibama, o comércio na orla de São João da Barra causa vários impactos negativos nos ecossistemas locais, como a intensificação da erosão pela destruição de dunas, o fim do manguezal de Atafona devido ao desmatamento, a destruição da flora nativa com o plantio de espécies exóticas e a mortandade dos filhotes de tartarugas marinhas que depositam ovos na região.
Também o município requisitou à concessionária Ampla a interrupção no fornecimento de energia elétrica, bem como solicitou que a Cedae cortasse o abastecimento nesses estabelecimentos. A alegação foi que o funcionamento dos estabelecimentos provocava variados impactos negativos sobre os ecossistemas regionais e que o local é uma área de preservação permanente, sendo terreno da Marinha, portanto, um bem da União.
(J.N.) 

Foto: Arquivo/Folha da Manhã 




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