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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Após vinte dias internada, menina baleada na cabeça dá lição de vida


  Vagner Basílio
Menina vai passar por fisioterapia e fonoaudiólogo para recuperar movimentos e fala













Depois de uma estada de 20 dias no Hospital Ferreira Machado (HFM), a pequena Raquel Vitória de Souza Couto, de apenas seis anos, está dando uma lição de vida a todos que estão a sua volta e tomam conhecimento de sua história, que poderia ser completamente trágica. Com os movimentos limitados no lado direito do corpo e a fala comprometida, após ser atingida por um disparo na cabeça, a criança tem mostrado a todo instante o quanto é grande diante das adversidades da vida.
A mãe, Gleicimar Rodrigues de Souza, de 26 anos, recebeu, na tarde desta quarta-feira (19/08), a equipe do Site Ururau, em sua casa e contou na varanda do lar repleto de amor e atenção pela pequena, como foram os intermináveis dias que passou dividindo-se entre seu endereço no Parque Presidente Vargas, onde deixou diversas vezes seus três filhos de 10, oito e três anos, e as instalações do Hospital onde sua pequena Vitória bravamente se recuperava.
“Eu estava em casa porque ela tinha saído com a minha mãe pra igreja e eu fiquei em casa com a minha pequenininha de três anos e meu esposo. Eu ouvi os barulhos e continuei dentro de casa. O primeiro parecia uma bomba, os outros deram pra entender o que era. Não fiquei preocupada porque ela tinha saído pra ir à igreja com minha mãe” Contou Gleici, ressaltando que a igreja da mãe é em outro bairro, mas que ela sempre consegue carona para voltar.
Gleici lembrou que o irmão e alguns amigos estavam na esquina no momento dos tiros e que entraram correndo em seu quintal contando o que tinha acontecido. Até então ela não tinha nenhuma noção do que tinha acontecido à sua filha.
“Depois chegou uma prima minha no portão, gritando e mandando a gente ficar calma. Eu sem entender nada, saí correndo igual a uma doida vindo pro quintal e perguntei foi o que. Aí veio na minha cabeça: aconteceu alguma coisa com a minha mãe. Ela disse que era para meu marido grudar em mim e para outra pessoa pegar água com açúcar. Nessa hora eu comecei a me desesperar e perguntar onde estava a minha filha. Foi aí que ela falou. Me lembro disso até hoje e não preciso nem fechar os olhos”, relembrou a mãe.
A dona de casa contou que as pessoas ficaram muito apavoradas e demoraram a acionar o socorro, como se estivessem em choque. Na hora em que ficou sabendo a menina já estava no hospital. Quando chegou à unidade, outro susto.
“Assim que eu cheguei vieram psicólogos e assistentes sociais me chamando. Naquela hora eu tive certeza que eles iam dizer que aconteceu o pior e que iriam me dar toda assistência. Eu não queria ir e falei que já sabia o que eles iam me dizer, mas graças a Deus foi só pra conversar”, contou Gleici lembrando que foi nesse momento que ela foi visitar a mãe e viu a filha passando para a sala de cirurgia. E se lembrou de quando o neurocirurgião contou todos os procedimentos feitos e da gravidade do caso.
“Depois que ela estava na enfermaria eu vi a tomografia e foi um estrago muito grande, foi muito feio o que fez. Hoje vocês estão vendo ela assim porque foi Deus mesmo. Nem os médicos acreditavam”, lembrou.
O projétil entrou exatamente no meio da testa da menina e, segundo médicos contaram a mãe, queimou parte do cérebro, onde o projétil está e permanecerá alojado. Somente com o tempo, fisioterapia e trabalho com fonoaudiólogo será possível aos poucos recuperar a fala e a mobilidade, temporariamente comprometidas. A alta médica veio nesta quarta. A mãe sentia que nesta semana a filha estaria em casa, mas ainda assim foi surpreendida pela notícia.
“Eu na semana passada falava pra todo mundo, a minha filha na semana que vem vai estar em casa. Eu não sei quando, mas no máximo quarta-feira ela vai estar em casa. Aí quando foi na segunda-feira, a médica que estava fazendo o acompanhamento dela viu que ela estava a cada dia melhor e falou que na quarta-feira ela estaria de alta. Ela só ia poder vir depois que eu conseguisse o tratamento dela aqui fora. Aí na segunda-feira nós marcamos tudo certo para fazer no HGG e já começa na quinta-feira. Eu vim para casa ontem de manhã e estava limpando a casa quando a tia ligou e disse que a doutora passou e deu alta”, contou Gleici emocionada lembrando que a ânsia de ter a filha em casa foi tamanha que saiu sem dinheiro.
Mas a força da pequena entusiasma a todos e enche os corações de esperança de que em pouco tempo a recuperação será total.
“A cada dia ela surpreende a gente com uma coisinha, de virar pescoço a conseguir levantar. Do rostinho, com a risadinha de lado e a cada dia que passava o sorriso dela ia melhorando. Já vi ela levantando o corpo e até querer sair da cama ela queria. Ela mesma pega a mão e faz fisioterapia como foi feita enquanto estava no hospital. Ela não era canhota, mas desde a primeira vez que começou a comer, está comendo sozinha. Eu levei um iogurte pra ela e quando fui dar, ela pegou a colher da minha mão e começou comendo. Foi uma alegria imensa ver ela mesma comendo” lembrou Gleici emocionada.
O pai, o porteiro Renato Couto Machado, de 27 anos, contou que mora em Santa Cruz e que ficou sabendo através de um irmão. Ele se lembrou de todas as dificuldades até aqui, mas comemora a força da filha. 
“Ela é forte demais, a gente brinca com ela e ela responde, briga com a gente quando quer alguma coisa. O tratamento começa a manhã e será todo dia até ela melhorar e tenho certeza que vai ser rápido, porque ela é muito forte”, contou.
Quando a equipe do Site Ururau chegou a casa da pequena valente ela estava comendo sozinha, com a mão esquerda. Ao terminar fez sinal de que queria mais e foi atendida por uma das muitas cuidadoras dentre os parentes que se surpreendem com as mínimas de suas ações. Foi perguntada por uma delas sobre que horas era e mostrando com os dedos apontou a hora correta. Se entusiasmou com um presente da avó e fez sinal de positivo aprovando o mimo. Manifestou vontade de se levantar e arriscou o primeiro passo da caminhada rumo a recuperação total, que será em breve.
Reportagem: Daniela Abreu
Fonte Ururau

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